Alimentação natural ou comida caseira, qual a diferença?
O que poderia ser considerado natural? Natural aos ancestrais de cães e gatos é a caça em seu habitat, porém, os cães tiveram sua domesticação há cerca de 15 mil anos e os gatos há 5 mil anos a.C. e junto à domesticação sua alimentação também sofreu alterações. Sendo assim, é importante a desconstrução da ideia da caça como alimento para o pet de hoje.
Os termos comida caseira ou dieta caseira são mais difundidos no meio científico, junto ao termo alimento não convencional, pois o termo “natural” gera muita discussão. Quando se pensa em algo natural, imagina-se o alimento sem qualquer tipo de produto ou ingrediente sintético e é este o ponto de discussão. Para o balanceamento nutricional de um alimento completo para cães e gatos, é imprescindível a suplementação vitamínica e mineral e estes ingredientes, geralmente, são sintéticos.
Para a Association of American Feed Control Officials (AAFCO) [1], agência reguladora dos Estados Unidos, o significado de alimento natural é: “Um alimento ou ingrediente derivado exclusivamente de plantas, animais ou fontes minerais, seja em seu estado não processado ou submetido a processamento físico, térmico, renderização, purificação, extração, hidrólise, enzimólise ou fermentação, mas que não tenha sido produzido ou submetido a um tratamento químico, processo sintético e não contenha quaisquer aditivos ou auxiliares de processamento que são quimicamente sintéticos”.
Para a Federação Europeia das Indústrias de Alimentos para Animais de Estimação (FEDIAF) [2] o “termo ‘natural’ deve ser usado apenas para descrever componentes de alimentos para animais de estimação (derivados de plantas, animais, microorganismos ou minerais) aos quais nada seja adicionado e que sejam submetidos apenas a processamento físico que os torne adequados para a produção de alimentos a animais de estimação e que mantenha a sua composição natural”.
Para ambos os órgãos, é permitida a adição de suplementação vitamínica e mineral, desde que seja mencionado o uso de ingredientes artificiais no produto. Com isso, possibilitou-se que este tipo de alimento natural tenha formulação completa e balanceada com todos os nutrientes essenciais aos cães e gatos, na quantidade e proporções adequadas baseadas em recomendações, como as do NRC [3], AAFCO [1] e FEDIAF [2].
Para reduzir as chances de deficiências nutricionais é fundamental verificar se o alimento natural do seu pet foi adequadamente formulado, com suplementação, por um médico-veterinário ou zootecnista capacitado para a elaboração e balanceamento das dietas de cães e gatos.
Referências
1. AAFCO. ASSOCIATION OF AMERICAN FEED CONTROL OFFICIALS. Dog and Cat Nutrient Profiles. Official Publications of the Association of American Feed Control Officials Incorporated (AAFCO), Oxford, IN, USA, 2004.
2. FEDIAF. Nutritional guidelines for complete and complementary pet food for cats and dogs. The European Pet Food Industry –2018.
3. NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Nutrient Requirements of Dogs and Cat. National Academies Press, , 2006.
Para saber mais
1. BUFF, P.R.; CARTER, R. A.; BAUER, J. E.; KERSEY, J. H. Natural pet food: A review of natural diets and their impact on canine and feline physiology. Journal of Animal Science, v. 92, n. 9, p. 3781-3791, 2014.
2 . FASCETTI, A. J.; DELANEY, S. J. Applied Veterinary Clinical Nutrition. 1. ed. West Sussex, Reino Unido: Wiley-Blackwell, 2012. pg. 95-108.
3. LAURENT A. F.; MULLIN, V. E.; PIONNIER-CAPITAN, M.; LEBRASSEUR, O.; OLLIVIER, M.; PERRI, A.; LINDERHOLM, A.; MATTIANGELI, V.; TEASDALE, M. D.; DIMOPOULOS, E. A.; TRESSET, E. A.; DUFFRAISSE, M.; McCORMICK, F.; BARTOSIEWICZ, L.; GÁL, E.; NYERGES, E. A.; SABLIN, M. V.; BRÉHARD, S.; MASHKOUR, M.; BALASESCU, A.; GILLET, B.; HUGHES, S.; CHASSAING, O.; HITTE, C.; VIGNE, J. D.; DOBNEY, K.; HANNI, C.; BRADLEY, D. G.; LARSON, G. Genomic and archaeological evidence suggest a dual origin of domestic dogs. Science, v. 352, n. 6290, p. 1228-1231, 2016.