Ração, alimento extrusado e alimento seco, qual a diferença?
Para responder a essa pergunta, a primeira observação é o que o animal está recebendo de alimentação e em que fase da gestação a cadela está. Uma vez a fêmea recebendo um alimento completo, principalmente se for indicado para cadelas em reprodução, a principal preocupação estará relacionada à quantidade de alimento. Durante a gestação, principalmente no último terço (a partir da sexta semana), e durante a lactação, a cadela precisa ingerir grande quantidade de energia, e algumas vezes ela não consegue atingir toda a quantidade necessária, ora por momentos de falta de apetite per si, ora por compressão do estômago e intestino pelos filhotes dentro do útero. O profissional da nutrição animal consegue determinar para cada fêmea a quantidade adequada de alimento durante cada etapa da reprodução.
Sendo um alimento adequado àquela fase e a fêmea ingerindo a quantidade ideal, provavelmente tudo já está sendo suprido e poucos nutrientes precisam de preocupação, mas alguns merecem comentários.
O ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel relacionada ao desenvolvimento dos filhotes. Estudos com cães já mostraram que para algumas raças predispostas, como Pugs, Chihuahuas e Boston terriers, a suplementação de ácido fólico parece prevenir a ocorrência de malformação, principalmente da fenda palatina. Vale destacar que é esperado que nas rações completas indicadas para cadelas gestantes, já haja maior aporte dessa vitamina, dispensando a necessidade de suplementação.
Para outros nutrientes como cálcio, vitamina D e vitamina A, vale o comentário de que a suplementação além do que já está disponível nos alimentos completos, pode ser prejudicial. Ainda no contexto de malformação, filhotes de cadelas gestantes que receberam excesso de vitamina A têm maior risco de nascerem com fenda palatina.
Da mesma forma, por mais estranho que isso possa soar, as fêmeas que recebem grande quantidade de cálcio ou vitamina D durante a gestação e lactação podem desenvolver um quadro de eclâmpsia, que são momentos de baixa quantidade de cálcio na corrente sanguínea. O excesso de cálcio absorvido no intestino faz com que o controle hormonal das fêmeas fique desregulado e, quando os animais precisam de cálcio para produção de leite, por exemplo, não conseguem retirar esse mineral dos estoques, o que causa a hipocalcemia e problemas graves que podem chegar em convulsão e óbito. Sendo assim, a premissa do menos é mais também se aplica a nutrição de cães e gatos, inclusive nas etapas reprodutivas.
Para saber mais
1. Debraekeleer, J.; Gross, K.L.; Zicker, S.C. Feeding reproducing dogs. In Small Animal Clinical Nutritional; Hand, M.S., Thatcher, C.D., Remillard, R.L., Roudebush, P., Novotny, B.J., Eds.; Mark Morris Institute: Topeka, Kansas, 2010; pp. 281–294.
2. Domoslawska, A.; Jurczak, A.; Janowski, T. Oral folic acid supplementation decreases palate and/or lip cleft occurrence in Pug and Chihuahua puppies and elevates folic acid blood levels in pregnant bitches. Pol. J. Vet. Sci. 2013, 16, 33–37.
3. NRC Nutrient Requirements of Dogs and Cats; National Research Council (NRC), Ed.; 1st ed.; National Academy Press: Washington (DC), 2006.