BHA e BHT são antioxidantes amplamente utilizados para estabilizar e proteger alimentos, destinados a humanos, animais de produção ou pet food. Os antioxidantes sintéticos são aprovados para uso em alimentos por serem considerados seguros quando respeitados os limites máximos de inclusão estabelecidos por entidades nacionais e internacionais. No Brasil, os antioxidantes sintéticos são liberados para uso na alimentação animal com algumas limitações. Os mais utilizados pela indústria pet food são BHA (butil hidroxianisol), BHT (hidróxido de tolueno butilado), TBHQ (butil hidroquinona terciária), Propil galato e Etoxiquin.
Cerca de 40 anos atrás, o uso de antioxidantes fenólicos sintéticos como aditivos de alimentos foi fortemente questionado após o relato de que o uso de BHA provocava carcinoma no estômago de ratos, quando incluído em 2% no alimento (1,2). Após estes relatos, o risco de uso de o risco de BHA e BHT em alimentos para animais foi amplamente estudado (3,4,5). O aumento da proliferação celular, efeito prévio à formação de carcinoma por BHA, foi avaliado em estudo com 91 dias de duração. Após avaliar os níveis de inclusão do antioxidante de 2%, 0,5%, 0,25% e 0,1% no alimento, se estabeleceu que o NOEL (Nível Sem Efeito Observado) para este tipo de proliferação, foi de 0,25% de BHA na dieta (4). Esta constatação deu suporte aos estabelecimentos de níveis seguros de consumo. Resultados demonstraram que as lesões pré-estômago provocadas pelo consumo de BHA ocorreram somente depois da administração de dose suficientemente alta por pelo menos vários meses.
Em outro estudo, onde cães filhotes submetidos à dieta com níveis crescentes de BHA (0, 5, 50 e 250 mg por kg de peso corporal por dia, durante 15 meses) apresentaram tolerância elevada ao antioxidante. Os cães não apresentaram alteração no consumo de alimento, ganho de peso, variações fisiológicas e histológicas, com exceção dos cães que receberam a dose mais elevada, que representa mais de 50 vezes a atual dose máxima permitida, e apresentaram alterações histológicas no fígado, ao final do período. Resultados apontaram que o BHA é um antioxidante alimentar seguro e eficaz para animais, mesmo em doses excessivas (1).
Após consideração cuidadosa dos resultados dos estudos de toxicologia do ao redor do mundo, concluiu-se que o BHA poderia ser utilizado como antioxidante alimentar seguro. Análogos estruturais de BHA, como o BHT e o TBHQ não foram tão agressivos quanto o BHA a 2%, e o propil galato foi ineficaz na produção de lesões no estômago de ratos.
No Brasil, o MAPA classifica os antioxidantes como aditivos alimentares e determina as doses máximas permitidas desses compostos na alimentação animal (6). Individualmente ou misturados, o BHA e BHT não devem exceder o valor de 150 mg/kg de dieta total; para cães, Etoxiquin é permitido com teor máximo de 100 mg/kg de dieta total. O TBHQ parece não sofrer restrições de inclusão na dieta para animais de companhia de acordo com o MAPA, no entanto, o limite máximo recomendado pelo FDA é de 200 mg/kg de gordura da ração completa. Em função do potencial efeito deletério observado no passado, a inclusão da maioria dos antioxidantes é então limitada de acordo com o teor de gordura ou concentração no alimento.
Referências:
IVERSON, F., Phenolic antioxidants: Health protection branch studies on butylated hydroxyanisole, Cancer Letters, v. 93, n. 1, p. 49–54, 1995.
LTO, N.; FUKUSHIMA, S.; HAGIWARA, A.; SHIBATA, M.; OGISO, T. Carcinogenicity of butylated hydroxyanisole in F344rats. J. Natl. Cancer Inst., 70, 343-352, 1983.
NERA, E.A.; LOK, E.; LVERSON, F.; et al. Short-term pathobutylated hydroxyanisoleand other phenolicantioxidants in the forestomachof Fischer 344 rats. Toxicology, 32, 197-213, 1984.
IVERSON, F.; LOK, E.; NERA, E., et al. A 13-week feeding study of butylated hydroxyanisole: the subsequent regression of the induced lesions in male Fischer 344 rat forestomach epithelium. Toxicology, 35, 1-11, 1985.
NERA, E. A.; LVERSON, F.; LOK, E. et al. A carcinogenesis reversibility study of the effects of butylated hydroxyanisole on the forestomach and urinary bladder in male Fischer 344 rats. Toxicology, 53, 251-268, 1988.
MAPA. 2020. Aditivos aprovados pelo mapa para uso na alimentação animal, disponível em: http:gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/insumos-agropecuarios/ insumos-pecuarios/alimentacao- -animal/aditivos, acesso em: 26 ago. 2020
Autor: SBNutriPet
